Ultimamenente esse blog tá mais pra literatura do que filosofia




No post sobre Matrix e Platão me passou despercebido a citação de um verso do poeta Robert Frost. Bem, isso me fez lembrar um livro que li há muito tempo atrás: Outsider, vidas sem rumo de Susan Hinton.

Sabe aqueles livros que te hipnotizam e que você não consegue largar enquanto não termina? Esse é um deles. A obra conta a saga de Pony boy, um garoto que vive no subúrbio de uma grande cidade estadounidense, na década de 60. Nessa época as gangues eram moda e quase todos pertenciam a uma delas. Pony é um pré-adolescente órfão de pai e mãe e que vive com os dois irmãos mais velhos. O tema do desenvolvimento da sexualidade está subentendido em toda a obra. O irmão do meio faz, mais ou menos, o papel da figura feminina. Está sempre sorrindo, nunca tem desentendimentos com o irmão caçula e é o grande exemplo que Pony quer seguir. Porém, esse irmão, não é, digamos, um "grande exemplo" para se seguir. Ele está sempre envolvido em brigas de gangues, não trabalha e é, extremamente, irresponsável. O irmão mais velho é o extremo oposto: maduro, responsável, trabalhador, sustenta a casa e responde juridicamente pelos dois irmãos mais novos. Contudo, é bastante ranzinza e autoritário. Fazendo assim a figura masculina na formação da sexualidade do garoto

Evidentemente, Pony, entra em conflito várias vezes com o irmão mais velho e se aproxima do irmão do meio se metendo, assim, só em enrascadas. Durante uma briga de gangues é acusado de matar um garoto e é jurado de morte pelos membros de uma gangue rival, além disso, é procurado pela polícia. Junto com um amigo, foge para um lugar distante e lá travam um diálogo sobre suas vidas e suas realidades. E é, em uma dessas conversas, que Pony cita um poema de Frost. Ele diz que ainda não consegue entender o significado, mas sente que aquilo resume sua existência. O trecho é o seguinte:

“O primeiro verde da natureza é o dourado,
para ela o tom mais difícil de fixar.
Sua primeira folha é uma flor,
mas só durante uma hora e então folha se rende a folha.
Assim o Paraíso afundou na dor,
assim a aurora se transforma em dia.
Nada que é dourado fica.”


Muita coisa acontece e Pony só vai entender o significado dessa poesia já quase no final da obra. É interessantíssima a analogia com sua existência e o insight que ele tem, no que diz respeito à relação dele com os dois irmãos, especialmente com o irmão mais velho. Nesse momento, o “ grande exemplo” de Pony muda de figura.

O livro é excelente e recebeu diversos prêmios. Um fato curioso é que a autora o escreveu quando tinha apenas 17 anos de idade. A história foi transformada em filme por Hollywood, mas nunca encontrei na internet, nem nas locadoras. Também não sei se o título foi conservado no filme. Se alguém souber onde posso encontrá-lo, por favor, me diga.

am.


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