GAZA por José Saramago

(Os mapas acima mostram a distribuição da terra em 1946 (à esquerda), o plano de partição da ONU (1947), as fronteiras pré-guerra dos seis dias e a situação em 2000.)

GAZA por José Saramago

A sigla ONU, toda a gente o sabe, significa Organização das Nações Unidas, isto é, à luz da realidade, nada ou muito pouco. Que o digam os palestinos de Gaza a quem se lhes estão esgotando os alimentos, ou que se esgotaram já, porque assim o impôs o bloqueio israelita, decidido, pelos vistos, a condenar à fome as 750 mil pessoas ali registadas como refugiados. Nem pão têm já, a farinha acabou, e o azeite, as lentilhas e o açúcar vão pelo mesmo caminho.


Desde o dia 9 de Dezembro os camiões da agência das Nações Unidas, carregados de alimentos, aguardam que o exército israelita lhes permita a entrada na faixa de Gaza, uma autorização uma vez mais negada ou que será retardada até ao último desespero e à última exasperação dos palestinos famintos. Nações Unidas? Unidas? Contando com a cumplicidade ou a cobardia internacional, Israel ri-se de recomendações, decisões e protestos, faz o que entende, quando o entende e como o entende.


Vai ao ponto de impedir a entrada de livros e instrumentos musicais como se se tratasse de produtos que iriam pôr em risco a segurança de Israel. Se o ridículo matasse não restaria de pé um único político ou um único soldado israelita, esses especialistas em crueldade, esses doutorados em desprezo que olham o mundo do alto da insolência que é a base da sua educação. Compreendemos melhor o deus bíblico quando conhecemos os seus seguidores. Jeová, ou Javé, ou como se lhe chame, é um deus rancoroso e feroz que os israelitas mantêm permanentemente actualizado.


Reproduzido de : http://www.iela.ufsc.br/?page=noticia&id=744

Já vai tarde


O segundo semestre de 2008 não vai deixar saudades. Foram tantos desastres (naturais, familiares, humanitários, existenciais, etc.), que o mundo pareceu estar próximo do fim. Garanto que não estou exagerando. Faça uma retrospectiva de agosto até agora e veja você mesmo.

Não bastassem guerras, atentados terroristas, enchentes, golpes e crise financeira, ou seja, não bastasse o mundo em colapso, ainda tenho uma vida particular pra gerar preocupação. Assim, não dá!

Meu pai já dizia que “desgraça pouca é bobagem”, mas mesmo sabendo que desgraça sempre vem acompanhada, dessa vez, ela passou dos limites. Veio com toda sua gangue e resolveu fazer um verdadeiro arrastão.

O pior é a sensação de impotência diante do mundo se desmoronando a sua volta. E, não estou escrevendo isso só pensando nos acontecimentos mundo afora, estou pensando, principalmente, na minha vida.

Como ainda é possível que alguém discorde de que a vida é dor e sofrimento?
am.

E agora?


Lembro-me de ter conversado com o Neto algo sobre continuar com o blog, mesmo com o fim do projeto de estágio. Isso já faz algum tempo e não se ele ainda está disposto, ou tem tempo pra isso. Preciso consultá-lo para saber. Mas enquanto isso não acontece, sigo falando besteiras por aqui, já que ninguém lê. Talvez seja melhor assim, pois tenho mais liberdade pra falar de uns e outros e não terei compromisso de colocar coisas “politicamente corretas” para os alunos de estágio não se “assustarem”.
am.