É possível seguir uma religião e ser livre?


Normalmente aqueles que seguem as religiões cristãs ocidentais (católica ou protestante) têm Deus como Senhor e, afirmam que, Este lhes dá o livre-arbítrio. Mas é possível ser livre e ter um senhor? Para Albert Camus, filósofo francês, não; isso seria a mais absurda das contradições.

O problema da "liberdade em si" não tem sentido. Porque ele, de uma maneira inteiramente diversa, também está ligado ao de Deus. Saber se o homem é livre exige que se saiba se ele pode ter um senhor.

E o problema é bem mais grave porque, diante de Deus, há menos um problema da liberdade que um problema do mal. Conhecemos a alternativa: ou nós não somos livres, e Deus todo-poderoso é responsável pelo mal, ou somos livres e responsáveis, mas Deus não é todo-poderoso.

Já pensou sobre isso?

am.

2 comentários:

Anônimo 26 de novembro de 2008 às 18:21  

Só o fato de que Deus é onisciente já é um motivo para não sermos livres posto que no caso de ele saber tudo o que irá ocorrer com os mortais faz com que haja determinismo. Se ele sabe o que escolheremos quer dizer ou que ele conhece nossa natureza pois a criou e dessa forma assim como cientistas que prevêm fenomenos por conhecerem a natureza dos fenômenos Ele conhece a nossa intimamente. No entanto a um cientista não se pede certezas de fatos mas apenas certezas de juízos, da razão ficando o mundo fenmênico e seus eventos como pura possibilidade. É a questão huminiana de que nosso conceito de causalidade, uma vez que tem como alicerce a experiência, só pode advir a posteriori mas nunca a priori assim sendo , o próprio fato de que se "o Sol irá nascer amanhã" é uma simples possibilidade e não uma certeza. Mas no caso de Deus ele sabe que vai ou não nascer amanhã e não como nós, crê por puro hábito de ver o sol nascendo todos os dias que ele irá nascer amanhã. Nós fazemos constatação mas Deus, no caso dele existir faz uma constatação impossível de ser rechaçada pois em seu conceito está explícito que ele é onisciente. Dessa forma, se ele é onisciente não nos é dada a liberdade de escolha uma vez que ele sabendo com certeza o que ocorrerá conosco, em nossas escolhas, isso quer dizer que já está predeterminado.

Anônimo 26 de novembro de 2008 às 19:11  

Correção da postagem anterior:
Só o fato de Deus ser onisciente, já é um motivo para não sermos livres, posto que no caso de ele saber tudo o que irá ocorrer com os mortais faz com que haja determinismos. Se ele sabe o que escolheremos, quer dizer que ele conhece nossa natureza, pois a criou e dessa forma assim como cientistas, que prevêm fenomenos por conhecerem a natureza dos fenômenos, Ele conhece a nossa intimamente. No entanto a um cientista não se pede certezas de fatos mas apenas certezas de juízos, da razão, ficando o mundo fenomênico e seus eventos como pura possibilidade. É a questão huminiana de que nosso conceito de causalidade, uma vez que tem como alicerce a experiência, só pode advir a posteriori, mas nunca a priori,assim sendo , o próprio fato de que se "o Sol irá nascer amanhã" é uma simples possibilidade e não uma certeza. Mas no caso de Deus, Ele sabe que O Sol vai ou não nascer amanhã e não como nós, crê por puro hábito que, de tanto ver o sol nascendo todos os dias acreditamos que ele irá nascer amanhã. Nós fazemos predições, mas Deus, no caso dele existir, faz uma constatação impossível de ser rechaçada, pois em seu conceito está explícito que ele é onisciente. Dessa forma, se ele é onisciente não nos é dada a liberdade de escolha, uma vez que ele sabendo com certeza o que ocorrerá conosco, em nossas escolhas, isso quer dizer que já está predeterminado.
Coloquei a questão então da causalidade e citei a da existência de Deus. A primeira tange o fato de que colocamos em nossa predição uma premissa a mais que não é comprovada. Por exemplo. Eu digo:
O Sol nasceu ontem.
O Sol nasceu antiontem.
O Sol nasceu nos últimos milhões de anos.
Logo, o Sol nascerá amanhã.
No entanto, essa é uma constatação que se faz por experiência e por hábito, não por razão. É um racicinio indutivo. Mas o que me permite passar da experiência de ver o Sol nascendo todos os dias, para a constatação de que ele nascerá amanhã ou nos próximos mil anos? é a premissa implícita no silogismo acima de que o futuro tende a repetir o passado. No entanto, essa premissa por si só também é uma premissa não comprovada, pois parte do hábito e não da razão ou, ao menos, só é comprovada se comprovação for algo a posteriori e que tenha como núcleo o hábito. Mas sabemos que para haver conhecimento seguro, deve haver razão e que o conhecimento deve partir de uma teoria racional para os fatos da experiência e não o inverso. Portanto após a crírica de Hume quanto ao conceito de causalidade e algumas experiências científicas que demonstram a indeterminação de certos fenômenos na esfera do atomismo, trocamos em algumas ciências o princípio de causalidade pelo princípio de incerteza. Toda experiência e toda predição só é possível enquanto possibilidade. Essa é a lição que aprendemos com esses filósofos e cientistas empiristas. Porém, se há limites ao conhecimento humano não o há para Deus, pois ele também é onipotente além de onisciente e onipresente. Então pergunto mais uma vez: como é possível o livre-arbítrio? Deus sabe mas nós apenas cremos. Ele constata e nós apenas fazemos predições. Não vou nem levar em consideração, que esses atributos que damos a Deus como o de conhecer, seja possivelmente antropomorfismos.
Apenas estou expondo o fato de que Deus sendo onisciente impede nossa possibilidade de escolha a não ser que, não se permitindo ver ou ser visto ou mesmo comprovado, Ele nos dê a liberdade da ignorância. E sendo ignorantes podemos portanto acreditar no livre-arbítrio, pois não podemos prever o futuro. Mas que pai é esse que no intuito de nos fazer livres nos liberta dele mesmo? Um pai ausente como dirá André Comte Sponville no seu artigo sobre Deus em Apresentação da filosofia. E se até mesmo estamos colocando em dúvida sua onipotência como você disse acima, seria justo discutirmos um pouco sobre as provas da existência de Deus.
Mas isso já foi muito bem escrito nesse livro de Comte Sponville, artigo o qual é seguido do artigo sobre o ateísmo. Saibam que com isso não pretendo tirar a fé de ninguem, pois como disse um monge uma vez "ninguém tira de nós aquilo que não temos". Apenas quero esmiuçar o fato de que Deus também é um conceito que como todos os outros é objeto da razão e assim fazemos teologia racional. Mas há filósofos que crêem na "morte de Deus", esse é Nietzsche, mas essa morte de Deus é a morte de Deus no sentido conceitual. Se a essência de Deus no entanto é vida, Ele nunca morrerá mesmo que morra para nós enquanto conceito. Porém se foi " o homem que criou Deus e não Deus que criou o homem ", como diz um filósofo materialista, Esse (Deus) é conceito, mas dos mais bem eleborados e místicos que o homem pode ter inventado.
Pretendo que com esse texto eu tenha contribuído para esse espaço que se discute o tema de Deus, pois é um tema dos mais espinhosos que mexem com nossa crença e nossas certezas, nossos temores e amores e além do mais é um tema que além da teologia pode alavancar a discussão ética pois assim como vemos nos Irmãos Karamazov de DOSTOIÉVSKI, "NÃO EXISTE IMORTALIDADE DA ALMA ; POR CONSEGUINTE, NÃO HÁ VIRTUDE E TUDO É PERMITIDO ". Mas pensemos melhor o que isso quer dizer e vejamos o outro lado da moeda, pois o mesmo cara que disse isso, no livro, matou o próprio pai. Eu já sou da opinião que a moral é um fato da razão e não necessitamos de nenhum Deus para sermos virtuosos, pois de alguma maneira a virtude pode ser aprendida ou mesmo pode ser inata. Assim fazemos leis que regulam nossas ações. Leis que no entanto são fatos humanos e não divinos, pois tal lei não é natural. Além do mais as Leis são um tipo de extensão de certas praticas de si que no entanto são costumeiras, e há o próprio fato de existirem leis costumeiras que não necessitam de uma constituição rigorosa. Bom, era isso que eu queria dizer.
Ass.: Sky