Quem não gosta de feriado, bom sujeito não é.

Quem convive com algum estrangeiro, especialmente se ele for de um país de primeiro mundo, sabe o quão chato é ter que aturar as ironias em relação aos nossos feriados. Para esse pessoal, a culpa da nossa economia não estar suficientemente desenvolvida para fazer parte do primeiro mundo é a nossa cultura atrasada. Leia-se, com isso, que o brasileiro é preguiçoso e inventa inúmeros feriados para não trabalhar.

Os americanos são aqueles que mais gostam de nos atormentar. Já não faço idéia de quantas vezes ouvi que nos EUA há apenas dois feriados no ano, ação de graças e independência – nessas horas sempre respondo: como deve ser triste morar em um lugar assim!

Sinceramente não acredito que os feriados (e feriadões) prejudiquem a economia. Se o estrago fosse tão relevante assim, duvido que o governo, ou mesmo a iniciativa privada, já não teriam dado um jeito de acabar com isso. Quando se trata de dinheiro, a última coisa em que se pensa é em respeitar a cultura.

Os feriados são importantes. Eles existem para que as pessoas relembrem acontecimentos cívicos ou religiosos do passado e, assim, mantêm viva a história de sua nação e, conseqüentemente, a cultura. O que cada um faz com esses dias livres, é problema de cada um.

No entanto, sou obrigado a concordar que não há razão de existência para alguns feriados. Qual o valor, por exemplo, do feriado de carnaval? Mas, enfim, quem sou eu para me manifestar sobre a cultura, tradição e os costumes de um povo?

Acho que está aí uma diferença fundamental, entre nós e os americanos: nós sabemos nosso lugar. Não temos a prepotência de achar que o único modelo de sociedade boa, é a nossa. Menos, ainda, de querer impor esse modelo a outras nações; sabemos que cada povo tem sua identidade e não pode, a preço nenhum, colocar isso em xeque. O avanço tem que vir, mas a obedecendo a certos limites. Alias, o ideal seria que ele nascesse da realidade específica de cada cultura.
am.

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